segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Plínio resgata propostas da esquerda
Candidato do PSOL apoia privilégio a fabricação de veículos coletivos e re-estatização de empresas do setor elétrico Presidenciável diz não ter programa e que só no governo vai poder "dimensionar o que será possível fazer"
PLÍNIO FRAGA
DO RIO

O candidato do PSOL à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, retoma, em suas diretrizes eleitorais, antigas propostas da esquerda radical brasileira e inclui proposições inusitadas como privilegiar a fabricação de veículos coletivos e fazer acordo com a Embraer (hoje privada) para construir turbinas para produzir energia eólica.
Entre as propostas estão auditoria da dívida pública e de todas as concessões de rádio e TV, re-estatização da Vale e das empresas do setor elétrico, jornada de trabalho de 40 horas e reforma agrária e limitação do latifúndio.
Católico, as diretrizes de Plínio apoiam a legalização do aborto e propostas genéricas como "fazer reparações a descendentes de escravos" e contratar com carteira assinada todos os "informais".
Em manifesto, intelectuais do porte do crítico literário Alfredo Bosi, do geógrafo Aziz Ab'Saber, do advogado Fábio Konder Comparato, do criador do Fórum Social Mundial e ex-vereador Francisco Whitaker, do especialista em gás Ildo Sauer, do filósofo Paulo Arantes e do sociólogo Ricardo Antunes anunciaram apoio a Plínio.
Ao ser questionado sobre o que faria se eleito, ele evita assumir compromissos.
"Não temos no momento um programa de governo, mas propostas. Só quando chegarmos ao governo poderemos dimensionar o que será possível fazer", disse.
Ildo Sauer -especialista em energia, ex-petista e amigo de Plínio- evita comentar pontos polêmicos.
"Não posso opinar diretamente. Mas mecanismos de ampliação de mobilidade das pessoas por meio de transporte coletivo e uso racional dos recursos naturais são necessários", afirma.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores e a Embraer não quiseram comentar.
"Uma candidatura sempre representa uma visão de mundo. A candidatura do Plínio se baliza por conceitos que orientaram a criação do PT há 30 anos", diz Sauer.

FIM DO SENADO
O caráter muito polêmico, mas pouco esmiuçado das propostas de Plínio, cresceu quando ele defendeu a extinção do Senado por meio de emenda constitucional a ser votada pelo Congresso.
Ou seja, além de 2/3 dos votos da Câmara, o partido teria de arregimentar 54 dos 81 votos do Senado em favor da sua própria extinção. "O Senado é um valhacouto de oligarquias", afirmou Plínio.
A direção do PSOL o repreendeu porque a defesa da extinção da Casa seria apenas opinião do candidato.
O ex-vereador Francisco Whitaker relativiza as propostas. "Os votos que angariar não serão para ganhar a eleição, mas para sinalizar o apoio às propostas", diz.

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