sábado, 27 de março de 2010

O começo

Pois é, resolvi brincar com isso aqui. Ainda estou me familiarizando com a ferramenta. Não sei se terei muita paciência, pois meu negócio é papel e caneta, mas acredito que será interessante postar alguns textos que julgo cabíveis para tal espaço virtual, assim como expor de vez em quando aquilo que tenho refletido sobre a vida e o mundo.
Neste sábado 27/03/2010, um tanto quanto nublado, gostoso para se ficar em casa curtindo a família, assistindo a um bom filme ou lendo um bom livro, temos visto a maioria da população com um ar de justiçada pelo resultado do julgamento sobre a morte da menina Isabela. Sem querer entrar no mérito deste caso especificamente, pergunto-me quantas Isabelas precisam morrer para que a sociedade tome pra si a questão da proteção à crianças e adolescentes. Este foi um, em milhares de casos de violências cometidos contra as nossas crianças (e porque não falar de nossos adolescentes também). A diferença desta vez, foi que o fato ocorreu em uma família de classe média de SP. E se fosse numa favela daquela ou de outra cidade, teria a mesma repercução? Certamente não.
Não estou querendo aqui dizer que pela classe social a que a menina Isabela pertencia a justiça não devesse ser feita. Só penso que neste e em outros casos há que se pensar sobre o papel do Estado na proteção à infância e à juventude. Pois o Estado, que neste caso, foi visto como o justiceiro, atrevés do trabalho do Ministério Público, é sem dúvida o maior responsável pela morte e vitimação de milhares de crianças e adolescentes. De que forma? Pela sua ausência na vida destes, sem políticas públicas eficazes que lhes garantam dignidade, respeito e atendimento às suas necessidades básicas. E também, pela política da culpabilização dessas crianças e adolescentes que passam a ser consideradas as únicas resposáveis pelos seus próprios atos.
Sem falar, que ainda existe a transferência de culpa para a família que enaltecida na boca da maioria da sociedade é considerada a base de tudo, sem ter ela mesma a sua base.
Sou consciente de que a verdadeira justiça não será alcançada no interior desta sociedade baseada na divisão de classes, no entanto, é imprescindível que sejamos vigilantes na defesa de nossas crianças e adolescentes, não permitindo que milhares de outras Isabelas sejam assassinadas todos os dias, por pessoas comuns ou pelo Estado.